segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sabe por que o Brasil não Vai pra frente?

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>>>> Dia desses, conversando com um colega de trabalho, eu entendi algo que eu não enxergava. Ele me fez ver a coisa sob uma nova ótica. Eu sempre defendi a necessidade de se ter empresas públicas, como meio de se obter serviços baratos, e também como meio de o Estado ter sua soberania. Segundo meu colega, as privatizações, tão temidas entre as esquerdas, causam uma verdadeira revolução na prestação dos serviços. Um banco, por exemplo, melhora seus serviços consideravelmente quando passa a ser privado. Empresas de telefonia, então, nem se fala. E eu sei disso pelo exemplo da antiga CRT. Nos anos 80, para se ter um telefone fixo, esperava-se numa fila que demorava anos. Geralmente, em 4 ou 5 anos, sua linha chegava, e os serviços eram poucos, lentos e insuficientes. Hoje, com a telefonia privada, temos outras opções. Se uma empresa não agrada, há outras querendo nos oferecer seu melhor. Este é o princípio da livre concorrência.
>>>> Retomemos o exemplo dos bancos. Imagine um banco público, como o Banco do Brasil, em seu funcionamento. Você tem uma conta nesse banco, e acontece um problema. Para resolver esse problema, você se dirige à agência, e espera... espera... espera... Após horas, você conversa com um estagiário, que te passa para um funcionário, que te passa para outra pessoa. Por fim, te pedem para voltar outro dia. Sem contar que, por vezes, a má vontade de um atendente se dissemina entre os outros com quem você conversa, tornando sua estada no local desagradável. E daí?! Ele é concursado! Se você reclamar, nada vai acontecer. No máximo, ele vai te olhar com cara de deboche. Já num banco privado a conversa é outra. O atendimento é outro. Os problemas se resolvem na hora, e com muita simpatia. Afinal, há outros bancos concorrendo por sua preferência, não é?!
>>>> Por isso, hoje, eu digo que sou a favor das privatizações. Até o ano passado, eu tinha asco da palavra privatização. Mas, como meu colega me fez refletir, mais vale um monte de instituições privadas concorrendo entre si, nos oferecendo seu melhor, do que alguns elefantes brancos gordos, lentos, ineficazes e inoperantes.
>>>> Mas isso não é tudo.
>>>> Você sabe o que faz um País, mesmo sendo rico, enfrentar problemas desnecessários? Você sabe por que um País pobre chafurda na miséria? Sabe por que há tanta pobreza e corrupção nos países subdesenvolvidos (oh, é politicamente incorreto dizer “subdesenvolvidos”)? Sabe por que o Brasil não vai pra frente? Sabe por que este País está sempre estagnado, parado, atolado? Sabe por que as administrações públicas de todas as esferas simplesmente não funcionam? E, a despeito disso, sabe por que algumas empresas parecem crescer sem parar? Pode explicar por que algumas intituições privadas parecem ganhar força num mundo onde todo o resto está desabando?
>>>> Eu explico.
>>>> Independentemente de tratar-se de uma administração pública, ou de uma empresa privada, o que é necessário é o planejamento. Às vezes parece-nos que o governo brasileiro sofre do mal de “planejamento insuficiente”, visto os hediondos problemas que temos nas áreas da Saúde, da Educação, do Trabalho, etc... Talvez não seja o caso de planejamento insuficiente, mas de um péssimo planejamento. Entretanto, há aquelas entidades que têm um bom planejamento, mas uma péssima conduta de seus administradores.
>>>> Há, ainda, algumas instituições (e entre elas, aquela em que trabalho), que parecem não enxergar algo que está diante dos olhos. Algo que faria tudo mudar para melhor: o planejamento pessoal, ou o planejamento da força de trabalho; a boa distribuição do pessoal segundo suas aptidões; o aproveitamento correto dos recursos humanos disponíveis.
>>>> Conforme a maioria dos estatutos (e o nosso não é diferente), o(a) servidor(a) deve ser lotado conforme a necessidade; deve ser alocado onde houver déficit de mão de obra; deve estar disponível para suprir quaiquer atividades inerentes ao seu cargo. E um cargo pode ter uma gama muito ampla de atividades, em várias áreas. É o meu caso.
>>>> Agora, imagine que você tem uma empresa. Vamos imaginar que é uma pequena loja de miudezas. Você tem um(a) sócio(a) e dois funcionários. Imagine que você é decorador(a), jardineiro(a), ou estilista(a), artesã(o) ou simplesmente entusiasta da área da arte. Seu(sua) sócio(a) é contador, ou administrador, e gosta de números. Um(a) de seus funcionários conhece a cidade e todos os fornecedores, sendo capaz de conseguir um bom preço no atacado. O(a) outro(a), tem grande empatia com o público. Diga: quem vai cuidar das compras? Seu sócio? Ou será aquele(a) funcionário(a) que conhece os pontos bons de atacado? Quem vai cuidar da disposição das prateleiras e mercadorias? Aquele que é simpático com o público? Ou você, que tem um talento natural para isso? É claro que a contabilidade ficará a cargo do mais apto (sem, contudo, deixá-lo livre, sem prestar contas!). E não seria lógico tirar o vendedor mais comunicativo do balcão para mandá-lo às compras. O estou tentando dizer é que, se cada um desempenhar seu papel mais de acordo com seus talentos, com seus conhecimentos, com suas aptidões naturais, as chances de sucesso do todo serão bem maiores. No mínimo, as pessoas trabalharão mais felizes, e com um sorriso no rosto.
>>>> Nem sempre nos é possível fazermos o que gostamos. Entretanto, quando somos direcionados a uma atividade mais parecida com a que desejamos, a um trabalho mais condizente com nossos talentos, a coisa flui melhor.
>>>> Segue abaixo um trecho transcrito do livro Go Rin No Shô (O Livro dos Cinco Anéis), de Miyamoto Musashi. Diz o Livro da Terra, seguinte:
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Comparação do Caminho
do Carpinteiro com a Estratégia
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>>>> A comparação com a carpintaria é feita através das casas. As casas da nobreza, as casas dos guerreiros, as Quatro Casas, as casas em ruínas, o erguimento das casas, o estilo, a tradição das casas e o nome das casas. O carpinteiro usa uma planta do prédio, e o Caminho da Estratégia se assemelha ao Caminho do Carpinteiro na medida em que também usa um plano de campanha. Se você quiser aprender o ofício da guerra, estude este livro. O mestre é uma agulha, o discípulo a linha. É preciso praticar constantemente.
>>>> Como o carpinteiro-chefe, o comandante precisa conhecer todas as leis naturais, os regulamentos do país e os regulamentos das casas. Este é o Caminho do carpinteiro-chefe.
>>>> O carpinteiro-chefe precisa conhecer a teoria arquitetônica das torres e templos, as plantas dos palácios, e precisa contratar homens que ergam as casas. O Caminho do carpinteiro-chefe é igual ao Caminho do comandante de uma casa guerreira.
>>>> Na construção das casas, tem-se que fazer a escolha da madeira. Toras retas, sem nós, de boa aparência, são usadas nas colunas externas; toras retas com pequenos defeitos nas colunas internas. A madeira de melhor aparência, ainda que um pouco mais fraca, é empregada em soleiras, lintéis, portas fixas e portas corrediças, e assim por diante. Madeira boa e forte, ainda que cheia de nós e retorcida, sempre pode ser usada discretamente nas construções. Madeiras fracas ou completamente cobertas de nós podem ser usadas na construção de andaimes e depois como lenha.
>>>> O carpinteiro-chefe entrega tarefas a seus homens de acordo com a habilidade de cada um. Colocadores de piso, construtores de portas corrediças, soleiras, lintéis, tetos e assim por diante. Os que têm menor habilidade cuidam das tábuas do piso, e os de menor habilidade ainda, chanfram a madeira ou preparam cunhas, ou se encarregam de pequenos trabalhos diversos. Se o carpinteiro-chefe conhecer bem os homens sob seu comando e designá-los para tarefas compatíveis, conseguirá fazer um bom trabalho.
>>>> O carpinteiro-chefe precisa levar em consideração a capacidade e as limitações de seus subordinados, circulando entre eles e nunca exigindo o que não for razoável. Deve conhecer o ânimo e o estado de espírito de cada um e incentivá-los quando necessário. O mesmo vale como princípio da estratégia.
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O Caminho da Estratégia
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>>>> Tal como o soldado, o carpinteiro afia suas ferramentas, seus instrumentos de trabalho. Ele carrega as ferramentas numa caixa própria e trabalha sob a direção do carpinteiro-chefe. Faz colunas e vigas com o machado, dá forma a tábuas corridas e prateleiras com plaina, faz entalhes e abre desenhos na madeira com toda precisão, conseguindo um acabamento tão excelente quanto sua habilidade permitir. Este é o ofício dos carpinteiros. Quando o carpinteiro domina seu ofício e compreende as medidas, ele pode se tornar um
carpinteiro-chefe.
>>>> A função do carpinteiro é, dispondo de ferramentas que cortem bem, fazer pequenos santuários, prateleiras e estantes de escrever, mesas, lanternas de papel, tábuas de bater carne e tampas de panelas. Estas são as especialidades do carpinteiro. A vida do soldado é semelhante. Você deve pensar suficientemente nisso.
>>>> A satisfação do carpinteiro é ver que seu trabalho não está empenado, que as juntas estão bem alinhadas, que o plano de trabalho foi bem elaborado e tudo se encaixa, e que o acabamento não está limitado a algumas sessões. Isto é essencial.
>>>> Se você quiser aprender este Caminho, pense profundamente nas coisas aqui escritas, uma de cada vez. Será preciso estudar bastante antes de tomar qualquer decisão.
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>>>> Estas são palavras de um estrategista que viveu há mais de 400 anos. Apesar de seus ensinamentos, a princípio, destinarem-se ao manejo da espada, os japoneses de hoje os utilizam como filosofia de vida, na administração de seus negócios, no seu dia-a-dia. As faculdades de administração recomendam a leitura do Go Rin No Shô  a seus graduandos justamente pelo “encaixe” que estes ensinamentos têm na rotina de uma empresa. Saber aproveitá-los faz toda a diferença.
>>>> Assim, espero ter colaborado para a melhoria de muitas instituições, trazendo esta citação do trecho dO Livro da Terra, que é parte dO Livro dos Cinco Anéis, de Miyamoto Musashi. E espero que muitos diretores e delegados da administração pública brasileira possam aproveitar esta sabedoria oriental para melhorarem o desempenho em suas repartições. Que possamos levar bons conselhos a todas as esferas de governo. Em especial, àquela na qual trabalho (e onde nada do que foi dito, nunca, jamais até hoje foi observado).
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