Lava-Jato: A Revanche dos Homens

Querida,
Antes de me chamar de mais um,
aprenda algo sobre mim.
Ninguém é mais um, já que tu também não é mais uma.
Antes de me julgar igual aos outros,
pensa se tu não é igual a todas as outras.
Tu se julga especial e julga o resto todo igual,
e isso pode ser um erro.
Antes de me chamar de "um idiota",
certifique-se de não estar sendo também uma idiota.
Às vezes o idiota é o correto, e o que aparenta ser o correto
é apenas mais um idiota.
Antes de me comparar aos teus ex, de tentar me encaixar nos teus anseios,
pense que posso não ser da mesma estirpe, e ter meus próprios anseios;
pergunte se o que tu quer é um clone fabricado em série,
que te dará moral e razão pra reclamar;
imagine que eu seja uma pessoa que também tem sonhos,
e não um andróide programado pra bajular e estar sempre disponível.
Se eu demorar a te responder, é possível que eu esteja trabalhando,
estudando ou fazendo qualquer outra coisa, pois a vida segue.
Se eu não estiver ali, naquela hora, não quer dizer que eu esteja na gandaia,
que aquela pessoa que eu estou abraçando seja minha amante,
ou que eu pense em sexo o tempo todo sem cessar.
Eu posso não estar afim,
e isso não significa que tu esteja feia, ou que não atraia mais ninguém.
Eu tenho o direito de não estar afim.
Eu tenho o direito de interagir com o mundo, com as pessoas.
Eu tenho a liberdade de viver pra mim também,
não apenas pra te impressionar.
Se é isso o que espera de mim,
espera deitada, que sentada cansa.

(Beto Ayres)