sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um Monumento à Incoerência

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>>>> A aventura de ser brasileiro geralmente nos leva ao medo constante. Medo da fome, do crime, do SPC, do futuro, não importa: o medo é geral.
>>>> Entretanto, algumas vezes, os desmandos de quem manda são tão ridículos, tão sem precedentes, que não temos outra reação que a do riso em gargalhada.
>>>> Agora há pouco, assistindo à TV (Jornal do Almoço, RBS TV, 09/09/2011), fiquei sabendo de algo realmente macabro: Em Rio Grande, no RS, um grupo de “caciques” pretende erguer uma estátua pública, homenageando ninguém menos que ele: Golbery do Couto e Silva. Ele mesmo: o General Golbery, aquele que ajudou a instituir o Golpe de 64; que criou e chefiou o SNI; e que “tanto fez pelo povo brasileiro”.
>>>> Leia sobre isso em:
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>>>> Na matéria da RBS TV, dois vereadores falaram sobre o assunto. Um dos vereadores votou contra, e criticou o projeto de lei que cria o monumento público. Outro defendeu tal absurdo. Aquele que criticou, o fez por motivos óbvios: o General não era e não é pessoa bem quista por aqueles que defendem a democracia. Floi falado, inclusive, em “apologia à ditadura”, nas palavras do vereador. Daí, é um caso delicado... Eu, que não acredito na tal democracia; eu, que por minha vez, sendo presidente, seria um ditador; eu, que não acho que precisamos de Poder Legislativo; enfim, eu, tenho que concordar com o vereador que votou contra. Mesmo que muitos considerassem o General como “anti-Linha-Dura”, isso não justifica tal homenagem.
>>>> Pelo lado defensor do projeto, um outro vereador teve a cara de pau de falar na TV, de frente e diretamente, que “é preciso separar o Golbery da Ditadura do Golbery político”. Segundo o legislador, “os benefícios que o General levou para a cidade de Rio Grande” garantiriam-lhe tal mérito.
>>>> Ainda que o General tivesse executado pessoalmente os “inimigos do capitalismo”, isso não seria motivo para condená-lo ao achincalhamento público, à condição de execrável, e coisas assim. Aqueles “Generais” de outrora (e que ainda dão palpite no comando do País) merecem nada mais que pena e desprezo. Não o achincalhamento. Contudo, erigir uma estátua para este cidadão é um ato de estupidez; é uma cusparada nos “direitos de liberdade política” que hoje vivemos.
>>>> Por outro lado, se um familiar ou um simpatizante resolvesse homenageá-lo com uma estátua de 100m de altura, e desde que fosse em terreno particular, seria seu direito. Aliás, os filhos e netos do dito cidadão teriam não apenas o direito, mas o dever, de prestar honras a seu pai ou avô. Por pior que seja uma criatura, seus descendentes têm a obrigação moral, filial, de honrá-la. Desde que não seja às espensas dos demais cidadãos, à custa do dinheiro público, afinal, a grande maioria NÃO CONCORDA COM A HOMENAGEM.
>>>> Mas o que mais me deixa puto não é nem a discussão democrática entre vereadores contra e “a favor”, nem o discurso do famoso comentarista televisivo, enaltecendo o “engrandecimento proporcionado pelo General à cidade de Rio Grande: é o fato deste País, que gaba-se de ser uma República dita democrática, com liberdade e direitos humanos para todos; que “enche a boca” para dizer “Ditadura nunca mais!”; que reverencia os movimentos democráticos a ponto de permitir invasões e depredações, tudo em nome da liberdade; é o fato deste País enaltecer personalidades duvidosas, celebrar tipos bisonhos para a História, e condecorar “heróis” avessos, com estátuas e monumentos, para glorificar o quê? Valores deturpados e geralmente escusos. Enaltecer a imagem, sem se preocupar com o conteúdo... O que vale é ter-se heróis, não importa se for um General Custer, ou um Rei Davi. Atos próprios de dirigentes desinformados, de mentes tacanhas, forjadas numa família cada vez mais dissolvida, numa sociedade baseada no “eu acima de tudo”. Assim foi com o tal Duque de Caxias, com o General Osório, com os “heróis da República” que morreram em Canudos... Estátuas para todo mundo, não importa o quão malditos sejam. Estranho é a Bahia não ter ainda erigido um monumento ao Toninho Malvadeza (Ooops!), digo: ACM. Isso tudo é bem Brasil mesmo!
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