segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Versos Satânicos

Os Cós e os Cús
(Beto Ayres)


Aqui o bicho pega;
Mas se é pego, nega;
Ladrão se chama gato;
Mas perde para o rato...
O porco cá domina
A casa-mãe suína;
Dá-se bem o lobo,
Fazendo-se de bobo...
Tudo tem o avesso;
E tudo tem um preço:
O cú do cura,
E o mal da cura;
O furtar na cama,
E o foder na grama;
Nação de jegues berrantes,
Zurrando à toa, delirantes;
Pátria de lobos canibais,
Para eles boa, até demais!
Reduto de ratos sorrateiros,
Que não pisam nos boeiros;
Sarau de macacos desajeitados,
Rindo enquanto são roubados...
Todos regidos por uma vara de porcos gordos e sujos,
Deslizantes caramujos...
E por uma canalha de harpias impensantes,
Que saqueiam seus filhotes inconstantes.

14/01/16.


Nando Moura, Nando Moura...
Tua razão se resume

Em baldes de esgoto e chorume;

E a louca promessa vindoura,

Nas cerdas da tua vassoura,
Não terá mais que uns duzentos
Bons defensores jumentos...
E veja bem se não falho:
Quem só diz "merda" e "caralho"
Não terá, logo, argumentos.
Ô anta, besta, asno-paco,
Netinho da ditadura,
Tua fala até que é dura...
Mas tem o teu cérebro fraco
A compreensão de um macaco,
E a lógica d'um babuíno.
Louve teu mestre suíno...
Mas, antes que haja enganos,
Seu moleque de treze anos,
Pare de ser mau menino!


05/02/2016. 00:09 (no celular!)


Um desastre aconteceu,
Certa vez, nesta cidade:
Se quebrou uma cambocha
E isto foi real desastre!
Pois a tal cambocha era
Cedida e localizada
Por um órgão de governo
A uma pobre embaixada.
Não quero mentir agora,
Nem exagerar a fala,
Mas quero deixar registrado
Que foi tal a dificuldade...

Comunicou-se à chefia,
E a todos asseclas abaixo;
Também fez-se por escrito
A reclamação fundada,
Com data, local e ocasião,
E o que mais confirma e embasa;
E enviou-se em oito vias
Aos seis caciques da casa.
Todos logo responderam:
“Medidas serão tomadas!”
E os demais corregedores
Concordaram e assinaram.

Passaram-se sete dias
Sem uma cambocha instalada.
No oitavo chega um cacique
Perguntando qual a falha.
E contou-se toda a história
De uma cambocha estragada;
Prontamente se mostrou
A parte toda quebrada,
E falou-se da importância
De tê-la recuperada.
Então, passou mais dez dias
Sem cambocha e sem nada...

Houve quem recusara-se
A trabalhar nesta casa;
Mas houve quem deu jeitinho,
Pois a esperança não falha.
Passaram quatro semanas,
E aquela cambocha ralada,
Por um funcionário estranho,
Foi então examinada...
O sujeito franziu os olhos,
E levou-a em sua mala.
Desde ali não mais se viu
A cambocha ou o que lhe valha.

Seis semanas se passaram
E cobrou-se, das camadas
Superiores, as medidas
Necessárias ao trabalho:
Pediu-se cambocha nova,
Ou a mesma, restaurada;
Fosse nova, fosse velha,
Mas alguma que nos valha!
Prontamente responderam
Com sorrisos e boas falas
Que logo, no mesmo dia!,
Medidas seriam tomadas!

Um dia chegou um vivente,
Com uma Cambocha na mala,
Não era de segunda mão,
Era nova, recém comprada;
Em perfeito e bom estado,
Mas não serviu ao trabalho
Com bitola diferente,
Não nos serviu foi em nada;
Com muito dó, devolvida
Foi a cambocha levada...
Só sei que custava dois,
Mas cem Reais a pagaram!

Outro funcionário veio,
O marceneiro da casa;
E examinou o lugar
Onde a cambocha ficava.
E disse “sem a cambocha,
Estou com as mãos atadas;
Pois nada posso fazer,
Sem ver o modelo da tralha.
Mas fiquem bem sossegados,
Pois será comunicado
À chefia maior para ser
A trama solucionada.”

E se foi o marceneiro,
Foi-se e nunca mais nada!
Passaram mais uns dois meses
Até vir nova empreitada:
Desta vez, um encanador,
Quebrando um galho na sala:
Pediu pra ver a cambocha,
A mesma que fora levada.
Disse ele “nada posso
Fazer sem ver a danada.
Preciso ver o modelo,
Senão, não posso ajudá-los!”

E se foi este também.
Mais dois meses se passaram...
E, à chefia, novamente,
Cobrou-se a ajuda ofertada.
Prontamente, nos pediram
Por escrito esta demanda...
Ok, mais dez vias demos
Aos oito chefes da casa.
E uma ao governador;
E uma a um deputado;
Outra ao chefe de polícia;
E mais outra foi ao Papa.

Mais seis semanas passaram,
E mais um filho da casa
Chegou – era o eletricista,
Que veio ajudar, e este fala:
“Eu não trouxe um alicate,
Terei que voltar co’a mala!
Amanhã retornarei.”
E levou uma semana...
Quando voltou preparado,
Disse não poder sanar –
Consertar essa cambocha,
Pois a bitola era a errada;

A fita de medir era outra:
Em metros, não polegadas!
E os fios eram azuis –
De vermelhos precisava!
Neste ínterim levou
Mais vinte dias sem nada.
Por fim, retorna o vivente
Pra dizer que fora engano:
A tal cambocha não era
Movida a eletricidade;
Portanto, o assunto também
Fugia de sua alçada...

Passaram mais vinte dias,
E a casa, desesperançada...
Mas um servidor da faxina
De pronto, pegou a escada!
Olhou, olhou, e pensou,
E deu quatro marteladas.
Por fim, decidiu deixar
De lado esta patuscada.
Pois nem cambocha ele tinha;
E nem martelo ou escada,
A essa altura do jogo,
Ajudariam em nada.

Um dia, depois de meses,
Um deputado se abala
Até nossa pobre pocilga,
Dizendo poder melhorá-la!
Porém, “precisa dos votos
De todos daquela casa...”
Senão, não teria meios
De dar-nos cambocha ou nada!
Agradecemos a ajuda,
Mas declinamos a paia.
E, então, após vinte meses,
Outro servidor se instala:

Este era mui antigo,
E conhecedor das malhas;
Mas não pode ajudar muito,
Pois sua visão era falha.
Ao todo, foram chamados,
Pra resolver a charada,
Quarenta e dois entendidos,
E vinte e seis estudados!
Um dia, sem mais nem menos,
Pegou fogo numa sala,
E consumiu tudo, tudo,
E até as vizinhas casas!

Não sobrou pau sobre pau,
Nem pedra não chamuscada!
Os funcionários olhavam
Tristes, sem fazer nada...
Mas, eis que chega um cacique
Sorrindo e com uma caixa...
E a entrega aos pobres índios,
Que olhavam a terra arrasada,
Dentro havia algo novo:
Uma cambocha dourada!
Comprada em licitação,
E pronta pra ser instalada.

28/01/2016.


Aécio Neves pensa que é um Kennedy;
Akckmin pensa que era a vez dele;
Beto Richa pensa que é Hitler;
Fernando Haddad pensa que pode tudo;
FHC pensa que abafou;
Sarney ainda pensa que é Deus;
Bolsonaro pensa que índio não é gente;
Marco Feliciano pensa que a gente não sabe;
Sherazade pensa que nos importamos com o que ela fala;
Lobão pensa que é intelectual;
Olavo de Carvalho também;
Kim Kataguiri pensa que tem algo a dizer;
Juliana Isen pensa que tem algo a mostrar;
Nando Moura pensa em gnomos sob efeito de alucinógenos;
Ronaldo Nazario simplesmente não pensa;
Pelé também não.

07/02/16



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